NOSSA PRIMEIRA VIAGEM LONGA
USHUAIA: fim do mundo, princípio de tudo
Enfrentamos rajadas de até 90 km/h e variações climáticas radicais. Vimos paisagens indescritíveis, caímos, desafiamos nossos limites e saímos vitoriosos. A morte nos namorou. Fomos protegidos e retornamos para contar o que vimos e vivemos. Estes são alguns dos ingredientes desta viagem.
Esta é a nossa história. Foram aproximadamente 10.600 km rodados, de 15 de fevereiro a 10 de março de 2003.
Os preparativos:
Participamos de reuniões mensais de planejamento, durante boa parte de 2002, estudando mapas para definir os melhores roteiros, as opções de estrada, locais de descanso, postos de abastecimento, hotéis, bagagem, equipamentos comuns, tanque adicional de combustível e metas diárias de quilometragem para perfazer todo o percurso em vinte e três dias. O maior desafio era ultrapassar a quilometragem de rípio, pedras roliças que vem dos rios formados pelo derretimento da neve, pois nenhum dos motociclistas tinha moto apropriada para aquele tipo de terreno.
A véspera:
Após meses de planejamento e distribuição de responsabilidades, estávamos ansiosos e prontos para a grande viagem sobre duas rodas. As motos revisadas e preparadas, a bagagem estava acondicionada, já presa às motos. A partida seria no dia seguinte.
Para comemorar “tamanho desafio” o Marco, presidente do moto clube, organizou uma festa de despedida em sua casa (sede do SAIDAFRENTE), na noite anterior à saída, onde cada um de nós levou seus familiares e amigos para compartilhar este momento de confraternização.
Participaram: o Gabriel, o Morimitsu, o Altair, Ayrton e Eleane, César e família (Teresa, Rafael, Fernanda, Cristiano, Letícia), Lu e família (Eliane, André e Guilherme), a Bety, Marco e família (Graci e Bruno, Dani, Giulio e Giuliano), Moreira, Solange e família (cunhada Sílvia, concunhado Rogério e sogra, Adaly). Carlão e Simone, Braga e Léia.
Também foram convidados alguns motociclistas que nos incentivaram, pois já tinham ido a Ushuaia e a quem queríamos homenagear, em especial, o Clodoaldo (nossa inspiração direta, através de suas viagens e livros), Erasmo, Sérgio e Thomas. Todos eles foram presenteados com um “pinhão dourado”, símbolo do Saidafrente.
Filmagens e fotos Ney e Gabriel. Discursos do presidente, do Gabriel e do Clodoaldo. No final, nosso querido Gabriel “benzeu” o povo, sem ser padre, mas do coração. Estávamos todos emocionados. A festa tinha hora certa para acabar, pois sairíamos cedo no dia seguinte.
“… vocês deixam ao partir parentes e amigos para trás, que gostariam de abraçá-los na volta. Nesta viagem tentem curtir a vida sem namorar a morte. Lembrem que o importante não é passar voando por tantas maravilhas e sim chegar inteiros e voltar inteiros! Que Deus os proteja a todos e que vocês sejam prudentes e que voltem para contar o que viram e viveram e após abraçar os que ficaram na espera. Boa viagem!…”
Por que Ushuaia?
Porque é o sonho de todos que tem espírito aventureiro, curiosidade aguçada e muita vontade de interagir com a natureza (típico dos mototuristas), ou, simplesmente, a aventura pela aventura que nos faz sentir cada vez mais vivos.
Realizar sonhos desconectar-se do cotidiano, desafiar os próprios limites. O próprio motivo de estarmos hoje de moto. Tudo isso é Ushuaia.
Afinal, não é todo dia que se vai ao fim do mundo, muito menos de moto!
Ushuaia, cidade argentina e capital da província da Terra do Fogo. É conhecida como “La ciudad más austral del mundo” ou La ciudad del Fin del Mundo. Fica localizada no extremo sul do continente americano, sobre o limite setentrional do Canal de Beagle, localizada a sudoeste da Ilha Grande da Terra do Fogo, ponto extremo onde se pode chegar por terra (Ruta Nacional 3), distante de Curitiba, nosso ponto de partida, em torno de 5.300 km. Possui o porto de águas profundas mais próximo da Antártida (cerca de 1.000km) . O nome da cidade provém do idioma indígena yámana: us (ao fundo) e uaia (baía).
