br>11º dia: terça-feira, 25 de fevereiro de 2003 – Curtindo Ushuaia
Acordamos cedo. O plano era fazer um passeio ao Parque Nacional Tierra Del Fuego, com passeio de barco pela Isla Redonda. Às 09:00 uma van chegou para nos pegar. O dia estava lindo, com céu azul, apesar do frio. O motorista, contudo, um senhor de uns 60 anos, estava muito impaciente, dizendo que estávamos atrasados. Saiu dirigindo como um louco e levamos alguns sustos, quando quase bateu o carro duas vezes. Apesar disto estávamos animados e na van fizemos brincadeiras, tudo filmado pelo Carlão. Foram perto de 30 minutos de viagem até a entrada do Parque Nacional.
A partir dali margeamos o canal de Beagle, numa bela estrada de rípio até o ponto de embarque, na baía Ensenada, bem em frente ao trapiche onde se pega o barco para atravessar até a Isla Redonda. Na frente do trapiche tem uma pequena casa, que é da administração do passeio de barco e da ilha. Tínhamos combinado de pegar o barco às 10:00, mas não tinha ninguém ali. Ficamos esperando, andando em volta do lago, passando muito, muito frio. Para se ter uma idéia o desafio foi ver quem tinha coragem de tirar as luvas e colocar a mão na água! Com o frio o tempo não passa.
Lá pelas 11h os encarregados finalmente chegaram, quando animadamente perguntamos do barco, e para nossa surpresa, o encarregando, virou para nós e respondeu: Barco? Que barco? Como que barco? Estamos esperando há mais de uma hora! Quase caímos para trás. Mas era só brincadeira e esta foi à frase da viagem. Tudo virou que barco? Que moto? Que viagem? E assim por diante. O homem era gentil, bem humorado e pediu desculpas pelo atraso, nos contando que tinha casado a filha na véspera e por isso acordou tarde. Presenteou-nos com um postal e aproveitamos para comprar outros mais para enviar da Isla Redonda, onde tem o posto do correio argentino mais ao sul do mundo e vem com o carimbo de fin del mundo.
Pegamos um barco aberto e passamos muito frio. Desembarcamos na ilha que tem apenas uma construção, o correio argentino, construído, há mais de 100 anos, por presidiários. O próprio pessoal que nos levou de barco administra o correio. Além de remeterem os postais com selos do fim do mundo, carimbaram nossos passaportes, com os mesmos dizeres. Tiramos fotos e fizemos um passeio pelas trilhas da ilha, passando por várias pontos panorâmicos. A paisagem da ilha é exuberante e dela se avista o mar, formando lagoas de várias cores. Há uma floresta pujante e no fundo, montanhas com picos nevados. Depois de 40 minutos de caminhada demos a volta na ilha e voltamos para a lancha para atravessar até o outro extremo do lago, com destino à Bahia La Pataia. Neste trajeto um bando de aves apostou corrida com a lancha. Foi bonito. Ao desembarcar se avista uma placa sinalizando que ali é o final da Ruta 3. Esta placa é famosa, sendo um dospoints dos motociclistas. Tiramos várias fotos. Significa que, vindo de carro ou moto, rumo ao sul, vai se chegar até ali e ponto final, não há como ir adiante.
Tínhamos combinado com a van que nos encontraríamos num restaurante, distante aproximadamente 6 km do ponto onde estávamos. Fizemos uma bela caminhada, atravessando o bosque, de onde surgem lagoas maravilhosas do Canal de Beagle, que tem cores diferentes, com vários tons de azul e verde. A água é transparente e no fundo há algas. A trilha nos levou até a estrada, de onde continuamos com muito frio. Ao fundo, as montanhas de neve e durante o trajeto encontramos muitos turistas. Chegamos ao restaurante do parque esfomeados e congelados. Foi uma parada providencial. O restaurante é ótimo, todo em madeira e aquecido com lareira. É bem decorado e tem uma loja que vende lembranças. O tempo foi passando e nada do César (Que César?), nem da van (Que van?). Cansados de esperar, contratamos outra van e retornamos à cidade.
No final tarde passeamos pela cidade e compramos algumas lembranças. Há várias homenagens em toda a Patagônia para os soldados argentinos que lutaram na guerra das Malvinas (contra a Inglaterra, em 1982). Aqui em Ushuaia eles fizeram uma bonita praça dedicada aos soldados.
Música: A Million Little Pieces – Placebo