21° Dia – 15/01/2010 – Sexta-feira: em Villa Unión-AR
Talampaya, nome de origem quéchua, que significa rio seco das árvores e quem assim o batizou foi muito feliz, haja vista a quantidade de árvores que habitam sobre o rio, com predomínio das árvores las talas, harmoniosas e perfeitas em seu formato, lembrando os desenhos de escola, onde aprendíamos que o tronco era marrom e forte para sustentar as copas arredondadas e verdes.
Aqui chove, em média, 100 ml ao ano, faz muito calor de dia e muito frio à noite, ZERO de umidade, diz a guia Fani.
Quarta-feira passada, continuou Fani, fez 49 graus C (isso mesmo, não é erro de digitação) e à noite veio uma tormenta de granizo que derrubou pedaços de rocha, arrastou árvores, matou pequenos animais e quebrou todas as placas indicativas da flora e dos petroglifos.
Mas senhorita, com solo tão seco como há árvores tão belas? Pergunta Tana.
Quando chove, responde Fani, o rio Talampaya enche um pouco e três horas depois já está seco, porém, as plantas armazenam água em suas raízes, o que as mantém sempre vivas e coloridas.
Caminhamos sobre o rio e o solo é tão seco que se quebra em camadas, como se estivéssemos raspando as escamas de um peixe ou, então, como se fossem pétalas de rosas.
Fizemos um pequeno circuito para conhecer os petroglifos, legado dos nômades há 1000 anos, que despertam a curiosidade dos pesquisadores até os dias atuais. Pouco foi decifrado, mas o que já se descobriu que eram alegres e curtiam cactus alucinógenos, através de utensílios e dentes encontrados nas cavernas.
Preparavam o cactus em pequenos buracos nas rochas, que se misturavam com a areia e, conseqüentemente, lixavam os dentes.
No jardim botânico conhecemos várias plantas, entre elas, o algarrobo (branco e o negro), considerada a mais importante para a sobrevivência de outras plantas e dos animais no deserto.
Possui raízes profundas, até 20 m, aproveita ao máximo a pouca água disponível, inclusive a água subterrânea. Com seus frutos ricos em açúcar, proteínas, cálcio e vitaminas alimentam guanacos, zorros e maras (o maior roedor do deserto).
A retama, aquela preta das flores lilazes quase impercetíveis, é uma das plantas mais resistentes e comuns nos desertos e dela se extrai cera para lustrar móveis, nos contou o Sr. Carlos, nosso condutor.
Chegamos ao Cañón e lá a imaginação humana dá asas à criatividade: a catedral gótica, uma versão natural da Catedral Sagrada Família de Gaudi.
Enquanto caminhávamos a guia Fani nos induzia, chamando nossa atenção para o sentinela, o condor, a torre, o totem, o monge, o peixe, a garrafa, a tartaruga e outras tantas imagens. Bastava ficar parado, esvaziar a mente dos padrões do cotidiano e enxergávamos muitas imagens, sem precisar de alucinógenos.
Cruzamos com os selvagens guanacos, ñandus (parente da nossa ema) e com as maras. No céu vimos condores sobrevoando as rochas e para nossa surpresa o pequeno come sebo, um pássaro amarelo, azul e cinza estava ali, bem ao nosso lado. Foi um desafio fotografá-lo porque não parava quieto.
Fomos visitar o Parque Natural Provincial Ischigualasto, mais conhecido como Vale da Lua, quase 100 km distante do Talampaya, mas quando lá chegamos o último passeio (14h) já tinha partido, restando-nos apenas a visita ao museu.
E para encerrar este belo passeio vamos falar do cactus, a planta mais adaptada ao deserto. Possui a captação e o armazenamento de água eficiente, transformando suas folhas em espinhos e assim, não perde água por transpiração. É a sabedoria da natureza!
Convidamos você para viajar conosco, deixando-se levar com as belas imagens do Parque Nacional Talampaya, declarado Patrimônio Natural da Humanidade, pela UNESCO, em 2000, com ingresso individual de apenas PA$ 90,00.
Hasta pronto, amigos!
Música: Back in the High Life Again – Steve Winwood