3° Dia – 28/12/2009 – Segunda-feira: de Paraná-AR a Azul-AR = 734,4 km
Percurso: Paraná /Aldea Brasileira /Victória /Médanos /Ceibas /Zarate /Campana /Cañuelas /Las Flores /Azul
Sem tomar café, que só começava às 7h, partimos às 6h45 com nossa Bela da Estrada pronta!
O astro rei cedinho já estava nos aquecendo com o céu sem nuvens, muito azul. Tudo indicava que sofreríamos sob o forte calor, ao longo do dia. Devagarzinho o céu foi nublando, as nuvens aparecendo cada vez mais baixas e carregadas. Viajamos sob ameaça de enfrentarmos forte chuva por uns 350 km, pelas Rutas 11, 12, 9 e 6.
O asfalto da Ruta 11 está irregular e descascado em vários trechos, muitos deles em manutenção, atrapalhando o tráfego. O trecho da Ruta 12 que pegamos estava ótimo, porém, com muito movimento (afinal estamos próximos a Buenos Aires).
A Ruta 9 dispensa comentários, pois é uma autopista pedagiada. Pena que só percorremos um trecho curtíssimo nessa estrada.
Passamos pelo Complexo Ferrovial de Zarate (87 km distante de Buenos Aires) principal via de comunicação entre as províncias de Buenos Aires e Entre Rios.
Esse complexo tem duas pontes que se encontram a mais ou menos uns 30 km de distância entre si e cruzam o rio Paraná.
Cada uma delas tem em torno de 550 m de comprimento e são sustentadas por cabos de aço desde as rampas de acesso até os principais pilares, elevando-se a pista de rolamento a 50 m acima do nível do rio.
Em paralelo à pista rodoviária, em um nível superior, está localizada a ferrovia, o que propicia quando estamos atravessando a ponte, ver o trem passando sobre nossas cabeças. A percepção diante dessa grandiosa estrutura é que somos muito pequenos, não só perante a natureza como de nossas próprias construções.
Pouco adiante de Zarate, quando entramos na Ruta 6, começou a chover e a ventar muito forte com a dificuldade adicional de que há vários desvios, obrigando o tráfego nos dois sentidos na mesma pista.
A chuva e o vento ficaram ainda mais fortes em parte do trecho da Ruta 3 (que aqui é pedagiada), por nós percorrido hoje, de Cañuelas até Las Flores. O tráfego estava intenso, principalmente de caminhões. De Las Flores a Azul tivemos 120 km de tempo bom.
Quando viajamos sobre duas rodas e deixamos o conforto de nossa casa, de nosso carro, sabemos que retornaremos diferentes, mais fortes e por um bom tempo imunes às picuinhas do cotidiano.
Sentimos desconforto, fome, sede, frio, cansaço e dores aqui, ali e acolá, até que chega o momento em que o nosso corpo se adapta e tudo passa a ser natural. Não sofremos mais, sentimo-nos naturais e à vontade como se esta nova rotina fosse o nosso dia-a-dia.
Ficamos aliviados e felizes quando o sol aparece e junto com ele surgem nuvens filtrando o calor excessivo, paramos nos postos de gasolina e “ufa” que alívio, banheiros limpos, sanduíches quentes e a bebida preferida (água, energético ou gatorade).
À tarde quando já percorremos quilometragens superiores a 800 km e vislumbramos a cidade destino do dia, agradecemos chegar inteiros e ficamos felizes com o banho quente, situações que nem percebemos no conforto de nossa casa. Isto é VIVER e hoje encerramos nosso relato, dando Graças à Vida, com um trecho de uma música de Mercedes Sosa.
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o ouvido que em todo seu comprimento,
Grava noite e dia grilos e canários
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o som e o abecedário
Com ele, as palavras que penso e declaro
Graças à vida que me deu tanto
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andei praias e desertos, montanhas e planícies
Graças à vida que me deu tanto
Quando olho o bom tão longe do mal
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o riso e me deu o pranto
Graças à vida, graças à vida
Hasta mañana, amigos!
DADOS TÉCNICOS:
TEMPOS : EM MOVIMENTO 6h46min08seg PARADO 1h55min53seg; TOTAL 8h42min01seg.
VELOCIDADES: MÉDIA EM MOVIMENTO 108,5 km/h; MÉDIA TOTAL 84,4 km/h.
DISTÂNCIAS: DO DIA 734,4 km; ACUMULADA 2.433,5 km.
CONSUMO: PARCIAL 12,93 km/l; ACUMULADO 12,55 km/l; Valores → 2.433,5 km / 173,34 l.
Música: Back in the High Life Again – Steve Winwood